Suspeito de matar ex-delegado já passou por ala de presídio ligada ao PCC, diz promotor

  • 16/09/2025
(Foto: Reprodução)
Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos Um dos suspeitos de envolvimento na morte do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, já passou por uma ala de presídio controlada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público. O suspeito tem 33 anos, passou pelo batizado do PCC e pelo Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Dr. Rubens Aleixo Sendin, em Mongaguá, no litoral de São Paulo. O Palácio dos Bandeirantes acredita que o ex-delegado estava investigando contratos da Prefeitura de Praia Grande, como de coleta de lixo e transporte, o que causou incômodo nessas pessoas identificadas. Apesar disso, o promotor afirmou ser prematuro dizer que o crime foi cometido pelo PCC. Ruy Ferraz Fontes foi assassinado nesta segunda-feira (15), em Praia Grande, litoral de São Paulo. A identificação do suspeito foi anunciada nesta terça-feira (16) pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, durante o velório do corpo de Ruy na Assembleia Legislativa (Alesp). A polícia pediu a prisão temporária de dois suspeitos. Gakiya, que lidera investigações sobre o PCC em São Paulo, contou que conversou pela última vez com Ruy em maio, durante a operação Fim da Linha — que apurou a atuação do crime organizado no sistema de transporte público da capital. “Ele disse que estava presenciando isso também na Baixada Santista, estava temeroso de entrar esse tipo de influência em Praia Grande”, afirmou. O promotor também revelou que já havia alertado Ruy várias vezes sobre planos de morte contra ele, identificados em interceptações feitas no sistema penitenciário. "Em 2010, graças a uma investigação minha, nós conseguimos salvar a vida do doutor Ruy porque assassinos do PCC iriam matá-lo defronte ao 69° DP, na Grande SP. Nós conseguimos acionar a Rota e, se não me engano, quem atendeu essa ocorrência foi o então tenente Guilherme Derrite – hoje secretário de Segurança Pública – e logramos êxito em prender dois assassinos com fuzis, que estavam lá a mando do PCC naquela época, para assassinar o doutor Ruy". Segundo o promotor, desde 2006, o delegado Ruy Ferraz era jurado de morte por membros da facção criminosa, por ter sido o idealizador do projeto que concentrou todas as lideranças do PCC no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau. “O Ruy era o policial do país que mais entendia de PCC. Trabalhou nessas investigações desde o início. Ele estava jurado de morte pelo PCC desde 2006. E foi um dos responsáveis pela ideia de transferir todas as lideranças do PCC para um único presídio, que era a Penitenciária II de Presidente Venceslau. O Ruy foi um dos idealizadores dessa ideia naquela época”, disse à GloboNews. Segundo o promotor, "isso foi reconhecido como uma afronta ao crime organizado". Apesar disso, em entrevista à CBN há algumas semanas, Ruy afirmou que não era ameaçado de morte. Porta do renegade que será periciado nas investigações da execução de Ruy Ferraz Fontes ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 SP no WhatsApp Investigação Há pelo menos duas linhas de investigação sobre a morte do delegado Ruy. Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande. LEIA MAIS: Derrite recusa ajuda da PF e diz que execução de ex-delegado geral será investigada só pelo governo de SP ÁUDIO: Ex-delegado-geral de SP executado no litoral disse que vivia sem proteção; ouça Ruy Ferraz já escapou de plano do PCC para matá-lo em 2010 e foi salvo pelo então tenente da Rota Guilherme Derrite, conta promotor Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros em Praia Grande, SP Prefeitura de Praia Grande e Reprodução O governador Tarcísio de Freitas determinou mobilização total da polícia. “Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, afirmou o governador. A SSP-SP criou uma força-tarefa integrada das polícias Civil e Militar. Ambos os departamentos contam com policiais que têm muitos informantes no crime organizado e que podem ajudar a elucidar a execução de Ruy. Quem era Ruy Ferraz Fontes O ex-delegado-geral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. O que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes em SP Criminosos atiraram mais de 20 vezes em atentado contra delegado Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos em um carro perseguem o veículo da vítima, que bate em um ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy (veja vídeo nesta reportagem). Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP "Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]", disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à facção e seus chefes, no início dos anos 2000, com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente, Christino é procurador de Justiça. Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro "Laços de sangue: A história secreta do PCC", que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial. O ex-delegado-geral comandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB. Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). "[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo. É uma ação extremamente ousada", disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000. Quando esteve no Deic, participou das prisões de alguns dos chefes da facção, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados ao grupo criminoso. Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital. Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção, já foram ameaçadas antes pelo PCC. "Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006." Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública devido à decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado. Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado Arte/g1

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/16/suspeito-identificado-pela-policia-por-envolvimento-na-morte-de-ex-delegado-passou-por-ala-de-presidio-ligada-ao-pcc-diz-promotor.ghtml


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