Justiça determina prisão preventiva de dono de programa de TV suspeito de anunciar joias roubadas por quadrilha
28/11/2025
(Foto: Reprodução) Dono de canal de TV no Paraná é suspeito de comprar joias roubadas em Ribeirão Preto
A Justiça de Ribeirão Preto (SP) determinou a prisão preventiva de Paulo Cesar Calluf, dono do programa de TV "Mil e Uma Noites", suspeito de anunciar joias que foram roubadas por uma organização criminosa no interior de São Paulo.
De acordo com a Polícia Civil, Calluf passou a ser considerado foragido pelas autoridades desde quinta-feira (27), quando agentes não localizaram o investigado ao tentar cumprir em Curitiba (PR) o mandado expedido pela 3ª Vara Criminal de Ribeirão Preto. Até o fim da tarde desta sexta-feira (28), o cumprimento da ordem judicial seguia pendente no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões.
"Contamos com o apoio da Polícia Civil do Paraná, que também efetuou um trabalho de inteligência no sentido de localizar o Paulo Calluf, e não foi possível localizá-lo, sendo que há alguns dias ele já não era visto mais nos locais habituais. (...) Agora é feito todo um trabalho para tentar localizá-lo e dar cumprimento ao seu mandado de prisão preventiva", afirma o delegado Diógenes Santiago Netto.
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Procurada, a defesa de Paulo César Calluf preferiu não se manifestar sobre o assunto nesta sexta-feira.
Paulo César Calluf é dono de um canal de TV no Paraná
Reprodução/EPTV
Segundo as investigações mostradas em primeira mão pelo Fantástico, o programa de televendas, com sede no Paraná, chegou a anunciar joias que tinham sido roubadas de uma família em Ribeirão Preto (SP) em maio deste ano. A informação surgiu depois que uma das vítimas reconheceu alguns dos objetos à venda.
A partir disso, a Polícia Civil fez buscas na sede do programa e, ao questionar o responsável pelas joias ali encontradas, não obteve documentos que comprovassem a origem das peças.
Joias roubadas de família em Ribeirão Preto, SP, foram recuperadas após vítima reconhecê-las em programa de TV
Fantástico/TV Globo
Segundo Santiago Netto, embora ainda não seja possível apontar se Calluf tinha conhecimento dos roubos cometidos pela quadrilha, por conhecer o mercado de joias, ele tinha condições de identificar a procedência das joias que anunciava na TV e por isso responde por receptação qualificada.
Além dele, também respondem por receptação o empresário Haig Hovsepian, preso em Uberaba (MG) na quinta-feira (27), e Diego de Freitas, conhecido como "Diego Ouro", preso em Ribeirão Preto em 4 de setembro.
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Para a polícia, foi por meio da interlocução dessas três pessoas - de Diego para Haig, e de Haig para Paulo - que as peças roubadas no interior de São Paulo chegaram ao programa de televendas do Paraná.
"A partir do momento em que ele faz a aquisição, sem qualquer análise de procedência, comprovação de origem, ele incorre, sim, no crime de receptação qualificada. No caso, foram diversas aquisições que ele fez, não foi uma única aquisição, dando indícios da existência de uma associação criminosa voltada para a receptação dessas joias que eram produto de roubo."
Polícia Civil prende homem suspeito de receptar e vender joias roubadas em Ribeirão Preto, SP, para programa de TV
Divulgação/Polícia Civil
Roubo de joias
Com uma rede de receptação ligando suspeitos em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, a quadrilha foi alvo de uma primeira operação em setembro depois de ser investigada por invadir residências para roubar joias. Entre os crimes cometidos, segundo a Polícia Civil, está um assalto a uma casa no bairro Ribeirânia.
O roubo aconteceu no dia 17 de maio. Um dia antes, os suspeitos já tinham estado no local, mas não conseguiram entrar. Câmeras de segurança flagraram a invasão. No imóvel, estavam um casal de idosos, o filho e uma funcionária. Todos foram rendidos e os criminosos deixaram o local com 300 joias e relógios da marca Rolex. O prejuízo estimado foi de R$ 5 milhões.
Meses depois, a família reconheceu algumas das peças sendo vendidas no programa 'Mil e uma noites', de Curitiba (PR). A vítima já tinha o costume de assistir o canal, mas se surpreendeu ao ver as próprias joias sendo comercializadas.
Ela comprou a própria peça que estava à venda no programa e acionou a polícia. A partir daí, o caso passou a ser investigado.
Outros crimes associados
Em 24 de setembro, uma nova ação criminosa, também em Ribeirão Preto, chamaria atenção das autoridades, que mais tarde a relacionariam com a mesma quadrilha que roubo a casa na Ribeirânia. Dessa vez, o alvo foi um edifício de alto padrão no Centro, onde prestadores de serviço e moradores foram rendidos, resultando na invasão de seis apartamentos, de onde também foram levadas joias, com um prejuízo estimado em mais de R$ 4 milhões.
A ação não só contou com várias pessoas envolvidas, como também com um planejamento, que incluiu o aluguel prévio de um imóvel no mesmo condomínio, com uso de documentos falsos, para facilitar a circulação dos criminosos pelo local.
As investigações indicaram não só que os suspeitos tinham a mesma forma de agir, como também apontaram que se tratava dos mesmos receptadores das joias, e que o grupo tinha a intenção de invadir pelo menos 15 imóveis em condomínios da cidade.
Esses casos resultaram em duas ações penais, com denúncias por associação criminosa, roubo, extorsão, entre outros crimes, envolvendo cerca de 30 pessoas - os números estão sujeitos a atualizações, diante de novas prisões e da obtenção de mais provas.
Somente pelo roubo na casa da Ribeirânia são ao menos 12 pessoas denunciadas pelo Ministério Público, seis deles também denunciadas pelo roubo no prédio de alto padrão do Centro.
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